ENTREVISTA: DORA PAVES E TAMARA PAVES, sogra e nora, falam sobre trabalho voluntário
Nesse dia tão especial, nossa homenagem a todos aqueles que dedicam seu tempo, conhecimento e carinho ao trabalho voluntário nas mais diversas áreas, como saúde, educação, assistência social, artes! Para celebrar, recebemos em nosso Portal, a psicóloga Tamara Paves e a engenheira Dora Paves, nora e sogra, respectivamente, para falarem sobre o voluntariado.
ZENTA: Qual é o trabalho voluntário que você realiza e para qual público?
DORA PAVES: Trabalho como atendente em um refeitório comunitário. O público é constituído, na sua maioria, por pessoas idosas, com poucos ou nenhum recurso, mas também por pessoas mais jovens com algum tipo de dificuldade, e até por famílias.
TAMARA PAVES: Sou voluntária em um lar residencial para idosos, desde 2014. Faço parte de uma atividade de música em grupo. Nossa equipe de voluntários consiste de um pianista, uma violonista, e outras três mulheres, entre elas eu, onde minha principal aptidão é a vontade de fazer o bem, dar carinho e alegria aos residentes que desejam participar. É uma atividade lúdica, aberta a todos residentes locais, em suas mais diferentes nuances. Cada um que quer encontra lá o seu lugar.
Z.: Quais os benefícios que você entende/vê nas pessoas que recebem esse trabalho?
D.P.: Esse trabalho é de enorme importância para os assistidos, não somente pela parte material que recebem (alimentação de altíssima qualidade), como também pela parte social do programa.
Diariamente, as pessoas saem de suas casas para um encontro social (almoço coletivo), criam amizades, participam de eventos, etc, e têm para onde recorrer quando surge algum problema.
T.P.: Cada residente se beneficia de modo diferente, de acordo com seus gostos e também com suas necessidades e limitações. Grande parte do nosso público tem limitações cognitivas e/ou motoras. É nítido o quanto eles se animam nessa atividade, sentem-se queridos e acolhidos. Há os que cantam no microfone, os que levantam para dançar, os que pedem para tocar as suas músicas preferidas, e vários nos chamam e demonstram ansiedade em aguardar a sua vez de pegarmos em suas mãos para movimentar em ritmo da dança e cantar, com olho no olho. Essa é a minha função principal no nosso grupo. Durante essa troca afetiva, cantando olho no olho e com a ajuda do toque, mesmo os residentes mais alheios ao seu redor, de repente sorriem, se emocionam, beijam, sentem-se queridos. As cuidadoras nos contam que, nos dias em que esses residentes participam da nossa atividade, depois eles comem melhor do que sempre e descansam tranquilos.
Z.: Quais os reflexos/benefícios desse trabalho voluntário em você?
D.P.: É muito satisfatório sentir que está trabalhando para ajudar o próximo com seu esforço. Às vezes um sorriso ao entregar um prato de comida faz toda a diferença para ambas as partes...
T.P.: Ao final de cada atividade, saio com um sentimento muito gratificante, que somente quem viveu essa troca de afeto consegue me entender. É uma troca singular muito gratificante para mim que, simplesmente por meio do olhar, sorriso e toque, acabo trazendo um pouco de conforto a esses heróis de longa jornada na Terra, que têm como a sua principal carência o afeto, nesse momento.
Desde o início da pandemia, as atividades voluntárias foram interrompidas. Algumas atividades foram reinventadas e estão sendo realizadas de forma virtual. A nossa está momentaneamente suspensa. Diante de todas as readaptações com a nova realidade, eu nem sei se os residentes se lembram e sentem falta da nossa atividade. Quanto a mim, posso afirmar que estou sentindo muita falta e não vejo a hora de poder voltar!
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