ENTREVISTA: DANIELLE GOLDSTEIN
ZENTA: Como aprendeu francês e há quanto tempo ensina?
DANIELLE GOLDSTEIN: Sou francesa, então é minha língua materna. Eu fui alfabetizada lá e vim para o Brasil aos dez anos de idade. Falava francês com minha mãe e idish com a minha avó. Ainda falo francês com uma irmã que mora no Canadá.
Comecei a ensinar em 1970. Estou fazendo 50 anos como professora. Antes de começar o isolamento, recebi uma homenagem por isso na Aliança Francesa, escola em que leciono.
Z: Quais os benefícios de ensinar?
D.G.: Eu faço o que adoro! Ser professora sempre foi muito bom para mim porque eu tinha férias quando os meus filhos também tinham. É a minha realização, adoro que eu faço e ainda sempre modifico, tanto é que eu nem guardo os cadernos antigos, sempre busco inovar. Na pandemia é o que me ocupa. Estou sempre no computador, procurando jogos, novidades.
Hoje eu trabalho inclusive aos sábados na Aliança. Nesse dia dou quatro horas de aula, com 15 minutos de intervalo.
Z.: E como é ser professora durante o isolamento social?
D.G.: Ensinar pela internet não é igual a estar na frente dos alunos. Sempre busco tornar a aula dinâmica, lúdica. Eu consegui fazer um jogo com dados, uma "roda da fortuna" com advérbios possessivos em que a pessoa tem que fazer uma frase com uma palavra, um tipo de "Roletrando", do programa Silvio Santos. Já usei o Kahoot (um jogo de perguntas e respostas) e uma "nuvem de palavras". Uso vários aplicativos para as aulas. A Aliança Francesa dá muito suporte, toda semana tem um aplicativo novo.
Z.: Quem é o público de suas aulas?
D.G.: Muitos são alunos que querem fazer mestrado no exterior, como no Canadá, por exemplo. Dou aulas para todas as idades. Para citar um exemplo, tenho uma classe de senhoras, hoje com idades entre 70 a 86 anos. São 12 alunas que estão no nível adiantado, aposentadas, e que entraram na Aliança para terem uma atividade, por prazer. Todas elas usam o zoom para assistirem às aulas, atualmente. O prazer, aliás, é um dos benefícios do aprendizado de francês. Saber inglês é uma obrigação. Mas as outras línguas que você coloca no seu currículo são um "plus", você estuda porque quer. Dá gosto de dar aula, os alunos praticamente não faltam. Quando não querem mais, eles simplesmente deixam o curso.
Acho que não existe uma idade própria para começar. Para crianças, entendo que é quando elas pedem, por volta dos dez ou doze anos. E não tem idade para parar!
Z.: Qual é a periodicidade indicada? É possível aplicar imediatamente os conhecimentos adquiridos?
D.G.: Para o francês, recomendo duas vezes por semana, cada aula com duração de uma hora e meia. Já no caso de aula particular, uma aula de 60 minutos por semana é o bastante. Hoje há menos conversa, a aula é intensa, então logo você começa a ver os resultados, começa a fazer frases imediatamente. No caso dos jovens, não há lição de casa, porque sabemos que eles já têm muita demanda da escola.
Z.: O que significa ensinar, compartilhar a valiosa experiência com outras pessoas?
D.G.: A satisfação é muito grande de compartilhar conhecimento. Dar as primeiras noções é muito mais gratificante do que dar o último nível porque você consegue ver como contribuiu. São minhas medalhas ver o que o aluno conseguiu produzir. Já participei de vários congressos internacionais de professores de francês, como na Bélgica, nos Estados Unidos (Atlanta), no Canadá (Québec). No Brasil também foram muitos, como em Belo Horizonte, Sergipe, na Paraíba.
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