Medicina preventiva - Conheça a importância da vitamina D na prevenção de doenças
ENTREVISTA: DRA. CLAUDIA KLEIN, NEUROLOGISTA
ZENTA: Qual é a função da vitamina D?
CLAUDIA KLEIN: É a principal responsável pela indução de tolerância imunológica. A principal função fisiológica da vitamina D é a homeostase de concentrações de cálcio no sangue, ou seja, é responsável pelo equilíbrio do cálcio no nosso sangue. Entre várias funções, serve para mineralizar os ossos, regula a coagulação e participa de funções neuromusculares.
Apesar do nome, trata-se de um hormônio esteróide e não de uma vitamina. Os VDRs, receptores de vitamina D, estão presentes em todas as células do nosso corpo, o que demonstra a importância desse hormônio.
Z.: O que a deficiência de vitamina D causa ?
C.K.: Estudos mostram que crianças com baixos níveis séricos de vitamina D têm um aumento de 11 vezes na incidência de infecções do trato respiratório.
Em adultos, a deficiência de vitamina D encontra-se intimamente correlacionada à incidência, dentre outras, das seguintes condições:
1. Osteopenia e osteoporose;
2. Câncer: mamas, próstata, cólon, pele, etc.;
3. Doenças infecciosas;
4. Deficiência imunológica;
5. Doenças auto imunitárias;
6. Infarto;
7. AVC;
8. Diabetes tipo 1 e 2;
9. HAS;
10. Depressão.
Z.: O índice de 20 UI exigido hoje é suficiente? Qual seria o mínimo?
C.K.: É evidente a epidemia de déficit de hormônio D. Apesar dos guidelines das sociedades médicas ainda manterem os níveis de suficiência extremamente baixos, os mesmos refletem as condições mínimas relacionadas à saúde óssea. Então considero isso muito baixo, relacionado apenas à doença de raquitismo. O índice deve ser maior e isso tem de ser avaliado caso a caso.
Z:. Qual a maneira mais rápida e barata para obter níveis adequados de vitamina D? A suplementação funciona bem? Como saber quanto tomar?
C.K.: É a exposição solar, mas é preciso avaliar se isso é plausível para a pessoa. A suplementação de vitamina D tem evidência robusta nos processos imunológicos e doenças autoimunes. A suplementação é relativamente barata e pode contribuir a longo prazo para ações benéficas para a imunidade, saúde cardiovascular e óssea. Acompanhar na reposição os níveis de 25-OH (vitamina D), mas principalmente PTH (seguro >10). Explicando, PTH (paratormônio) é o hormônio que faz feedback com a vitamina D, um regula o outro. Avaliamos a dose de vitamina D e a de PTH em conjunto. Sobre a quantidade, a toxicidade por vitamina D é rara. Porém é sempre importante a recomendação médica para cada situação.
Z.: Como vê a importância de estar com o índice ideal agora com a pandemia de Covid-19?
C. K.: Em relação à vitamina D, a revista Nature (https://www.nature.com/articles/s41430-020-0661-0)
publicou que a melhora nos níveis de vitamina D possibilita diminuir a progressão da doença ou até melhorar a sobrevida dos pacientes. Segundo esta análise, por ser um tratamento seguro e não invasivo e ter potencial benéfico na redução do risco de gravidade e mortalidade de COVID-19, sugere-se uma intervenção em doses altas de vitamina D.
Claudia Klein é médica neurologista, graduada pela Faculdade de Medicina do ABC, com residência em Neurologia e Clínica Médica na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, e pós-graduada em Ciências da Longevidade Humana pelo grupo Longevidade Saudável. Faz atendimento clínico e é palestrante nas áreas de neurociência e meditação.
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