ENTREVISTA COM A PROFA. DRA. ELIANA VIANA MONTEIRO ZUCCHI, GINECOLOGISTA
Com a maior expectativa de vida, a mulher passa um grande período na pós-menopausa, o que justifica cuidados que lhe tragam saúde e bem-estar.
ZENTA: A pílula anticoncepcional acelera a menopausa?
Profa. Dra. Eliana Viana Monteiro Zucchi: A pílula anticoncepcional não acelera a menopausa. Existem outros fatores que podem interferir nesse evento, como a hereditariedade e o tabagismo.
Z.: O que fazer para amenizar sintomas do climatério?
E.V.M.Z.: O climatério é a fase que antecede a parada da menstruação e dura, em média, três anos. Nesta fase, em razão da oscilação dos hormônios, a mulher pode apresentar alterações de humor, períodos de insônia, ciclos menstruais muito irregulares, intercalando ausência de menstruação com fluxo menstrual abundante, fogachos. Nesta fase, o ideal é ter o acompanhamento do ginecologista, pois as condutas devem ser individualizadas para cada mulher. O climatério termina com a parada da menstruação, o que chamamos de menopausa.
Z.: E sobre a menopausa precoce? Quais as causas?
E.V.M.Z.: Quanto à menopausa precoce, além do fator hereditário, o tabagismo, os tratamentos por radioterapia ou cirurgias que venham a comprometer a função ovariana são os principais fatores envolvidos.
Z.: Há problemas adicionais quando ela vem mais cedo? Há como evitar ou é preciso evitar?
E.V.M.Z.: A menopausa precoce ou falência prematura dos ovários, além dos sintomas clássicos da menopausa (como fogachos, queda da libido, insônia, atrofia genital, alteração de humor, perda da elasticidade da pele), faz com que a mulher, exposta por mais tempo à falta de hormônio, estará mais exposta aos riscos cardiovasculares e à osteoporose.
Para que a menopausa não ocorra de forma precoce, deve-se evitar o tabagismo e manter uma vida saudável, com uma boa alimentação e a prática de exercícios físicos, tentando manter um peso ideal.
Z.: Qual sua opinião sobre a reposição hormonal?
E.V.M.Z.: A reposição hormonal, quando bem indicada, pode ser uma aliada à prevenção dos sintomas e das consequências tardias da pós-menopausa.
Sendo bem indicada e bem planejada, a reposição hormonal pode trazer enormes benefícios tanto na prevenção de doenças, como a osteoporose, como na manutenção da qualidade de vida. Atualmente, com a maior expectativa de vida, a mulher passa um grande período na pós-menopausa, o que justifica cuidados que lhe tragam saúde e bem-estar.
Z.: Reposição hormonal engorda?
E.V.M.Z.: A menopausa promove importantes mudanças no corpo da mulher, principalmente na distribuição da gordura corporal. Além disso, a função da tireóide também pode estar comprometida, repercutindo na resposta metabólica. Portanto, hábitos saudáveis devem ser incorporados a essa nova fase da vida.
Z.: Reposição hormonal aumenta chances de câncer?
E.V.M.Z.: A reposição hormonal deve ser bem indicada e o risco para neoplasias deve ser previamente avaliado para cada mulher (antecedentes familiares e pessoais).
Z.: O que é atrofia urogenital? Como amenizar os sintomas?
E.V.M.Z.: A atrofia urogenital ocorre como resposta à privação hormonal da pós-menopausa. Os sintomas de atrofia urogenital acometem cerca de 70% das mulheres nesta fase da vida e tem início, em média, três anos após a parada da menstruação. Ocorre um importante adelgaçamento dos tecidos do trato genital inferior, o que resulta em sintomas de ardor, secura vaginal, dor nas relações sexuais, sensação de urgência para urinar, infecções urinárias de repetição. Para o alívio destes sintomas, a mulher pode fazer uso de hidratantes vaginais ou o estrogênio, na forma de creme vaginal. Contudo, esse uso deve ser contínuo, o que causa grande desconforto, além de estar contra indicado em algumas situações como, por exemplo, nas pacientes que tiveram câncer de mama ou risco de trombose. Atualmente, o uso do laser de CO2 tem sido um grande aliado na preservação do trofismo vaginal. Temos também a radiofrequência fracionada microablativa, que atua com resultados semelhantes ao laser.
Profª. Dra. Eliana Viana Monteiro Zucchi é médica graduada pela Universidade de Mogi das Cruzes. Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela FEBRASGO e em PTGI e Colposcopia. Mestre em Ginecologia pela Escola Paulista de Medicina – Unifesp e Doutora em Medicina pela mesma instituição, onde também é fundadora do Setor de Ginecologia do Esporte do departamento de Ginecologia. Chefe do Ambulatório de Infecção Urinária de Repetição do Setor de Uroginecologia – EPM – Unifesp. Professora do Cetrus.
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