Beto Rockfeller, Roque Santeiro, Saramandaia, Dancin’ Days… Quem não se lembra de personagens, músicas, bordões consagrados nessas novelas incríveis? Produto brasileiro de exportação, a novela é patrimônio nacional. Nosso desafio de hoje é tentar escrever um texto curto (que estará lá em https://www.portalzenta.com/blog) para homenagear tantas obras, atores e diretores maravilhosos que se destacaram nas décadas de 1950, 1960 e 1970.
Entre as temáticas das primeiras novelas, podemos citar as baseadas em clássicos da literatura (como A Moreninha, Cabana de Pai Tomás), no cotidiano (Selva de Pedra, O Espigão), no gênero "capa e espada" (O Sheik de Agadir, A Rainha Louca), em dramalhões latinos (A Moça Que Veio de Longe, Alma Cigana).
Vamos traçar uma linha do tempo e, no meio dela, destacar algumas dessas histórias! E convidamos você a escrever conosco, colocando suas obras e seus artistas preferidos lá nos comentários!
1951 - "Sua Vida me Pertence"
A primeira telenovela entrou no ar em dezembro na TV Tupi, pouco mais de um ano depois da TV brasileira ser inaugurada. Tinha 15 capítulos. Você sabia que, no início, as novelas não eram diárias? Essa era exibida apenas às terças e quintas. Ela foi inovadora e entrou para a história também por exibir o primeiro beijo da TV, entre Vida Alves e Walter Forster. Ele, além de ser protagonista, escreveu e dirigiu a novela!
1963 - "2-5499 Ocupado"
Glória Menezes e Tarcísio Meira estrelaram a primeira novela no formato que conhecemos hoje, exibida diariamente. Só pelos cinco algarismos já podemos perceber como é antigo esse número de telefone!
1964 - “O Direito de Nascer” Produzida e exibida pela TV Tupi. Foi escrita por Thalma de Oliveira e Teixeira Filho, com direção de Lima Duarte, José Parisi e Henrique Martins.
1965 - "A Moreninha"
Uma das primeiras produções da Rede Globo a contar com gravações externas, feitas na Ilha de Paquetá! Outra curiosidade é que ela foi adaptada do livro homônimo do livro de Joaquim Manuel de Macedo e diversas outras foram pelo mesmo caminho. Narra o romance entre os personagens de Marília Pêra e Cláudio Marzo.
1965 - "Ilusões Perdidas"
A primeira novela da Globo. O casal romântico era interpretado por Leila Diniz e Reginaldo Faria, ator muito tímido em contraste com a espontaneidade da atriz.
A partir da segunda metade dos anos 1960, todas as emissoras de TV (Excelsior, Tupi, Record e Globo) passaram a investir no gênero.
Nessa época, destaque para Ivani Ribeiro e suas novelas para a TV Excelsior, como "Almas de Pedra" (1966), "Anjo Marcado" (1966), "As Minas de Prata" (1966, adaptação do romance homônimo de José de Alencar), "Os Fantoches" (1967), "A Muralha" (1968, adaptação do romance de Dinah Silveira de Queiróz). Outros sucessos da mesma emissora foram "A Pequena Órfã" (1968), de Teixeira Filho, e "Sangue do Meu Sangue" (1969), de Vicente Sesso.
1966 - "Redenção"
A mais longa novela nacional, com 596 capítulos, ficou no ar até 1968. Foi escrita por Raimundo Lopes.
1966 - "O Sheik de Agadir"
De Glória Magadan, com Leila Diniz, Henrique Martins, Yoná Magalhães.
1968 - "Beto Rockfeller"
Luis Gustavo construiu, nessa produção da TV Tupi, um protagonista anti-herói. Com linguagem moderna e a precursora de ações de merchandising, foi um marco da TV brasileira.
1970 - "Irmãos Coragem"
Enorme sucesso de Janete Clair, direção de Daniel Filho, com uma temática que unia futebol, amor e faroeste. No elenco, os pioneiros Tarcísio Meira, Cláudio Cavalcanti, Claudio Marzo, Antonio Vitor, Zilka Sallaberry, Glória Menezes e Regina Duarte.
Em 1970, a TV Excelsior, líder na produção de telenovelas nos anos 1960, fechou. A Record costumava investir mais em programas de música, então não concorria com as outras emissoras no gênero novela. Mas a história da teledramaturgia destaca duas exceções, grandes sucessos escritos por Lauro César Muniz: "As Pupilas do Senhor Reitor" (1970, adaptação do romance de Júlio Diniz), e "Os Deuses Estão Mortos" (1971).
1972 - “Selva de Pedra”
De Janete Clair, sob a direção de Walter Avancini. No elenco, grandes estrelas: Francisco Cuoco, Regina Duarte e Carlos Vereza. O enredo conta a história de um jovem do interior em busca de poder na cidade grande. A produção consagrou Janete como grande autora popular.
1972 - "O Bofe"
De Bráulio Pedroso. Primeira aparição de um ator transvestido de mulher: Ziembinski aparece como "Stanislava", mãe da personagem de Betty Faria. Com Jardel Filho.
1973 - "O Bem-Amado"
Ah, que delícia o texto de Dias Gomes e a interpretação de Paulo Gracindo, no papel de Odorico Paraguaçu! O político corrupto, com seu linguajar recheado de palavras inventadas, queria inaugurar o cemitério que construiu para a sua Sucupira. O problema é que não morria ninguém na cidade! Foi aí que ele teve a ideia de chamar o matador interpretado por Lima Duarte (Zeca Diabo), mas este não quer se aposentar da carreira... A produção conta com três estrelas como as Irmãs Cajazeiras: Ida Gomes, Dorinha Duval e Dirce Migliaccio. Novela pioneira por dois motivos: foi a primeira em cores da TV brasileira e a primeira a ser exportada.
1974 - “O Espigão”
Dias Gomes inova por abordar qualidade de vida e denunciar a expansão imobiliária desmedida. No elenco, Milton Moraes e Suely Franco.
1974 - "O Rebu"
Ziembinski, em atuação elogiada, contracena com Lima Duarte e se diverte com as mentiras que ele conta para preservar seu disfarce.
Raul Seixas compôs a música Gospel para a trilha, que foi proibida pela Censura. Mas acabou entrando na novela, com parte da letra modificada.
1975 - “Gabriela”
Grande sucesso de Walter George Durst, com direção de Walter Avancini. Baseada na obra de Jorge Amado, política com pitadas de sensualidade. Contou com um grande elenco de estrelas: Sônia Braga, Armando Bógus, Marco Nanini, Mario Gomes, Pedro Paulo Rangel, Ary Fontoura, Fulvio Stefanini, Paulo Gracindo, José Wilker.
1976 - "Escrava Isaura"
Com Lucélia Santos e Rubens de Falco como protagonistas, foi um grande produto de exportação, tornando os atores conhecidos em várias partes do mundo. De Gilberto Braga, com direção de Herval Rossano e Milton Gonçalves. Foi refilmada em 2004.
1976 - "Saramandaia"
De Dias Gomes, recheada de política, realismo fantástico e humor. Um personagem explode, o outro cria asas, o lobisomem aparece…
1976 - "Anjo Mau"
De Cassiano Gabus Mendes, direção de Fábio Sabag, com Suzana Vieira, José Wilker, Renée de Vielmond, Luiz Gustavo, Pepita Rodrigues, Osmar Prado, José Lewgoy. A história de uma babá que cria intrigas para conseguir o que quer.
1976 - "Pecado Capital"
Grande sucesso de Janete Clair, que trazia um herói pouco convencional, Carlão (interpretado por Francisco Cuoco), um motorista de táxi, que morre no final. A trilha é inesquecível: "Dinheiro na mão é vendaval, é vendaval...", a música "Pecado Capital, de Paulinho da Viola. Com Betty Faria, Lima Duarte, Débora Duarte, Rosamaria Murtinho.
1977 - "Dona Xêpa"
A novela foi inspirada em peça homônima de Pedro Bloch e fala sobre o cotidiano de Dona Xepa (Yara Cortes), uma feirante que cria sozinha os filhos Edson (Reinaldo Gonzaga) e Rosália (Nívea Maria). Com esse sucesso exibido no horário das 18 horas, Gilberto Braga foi convidado a escrever para o horário nobre, o que fez com Dancin Days.
1978 - "Dancin Days"
Contou com Sônia Braga, Joana Fomm, Antonio Fagundes, Pepita Rodrigues. A produção estava em total sintonia com a febre mundial da disco music, no final dos anos 1970.
1978 - "Te Contei"
De Cassiano Gabus Mendes, com Eva Todor e Wanda Stefânia.
Teríamos nomes para escrever vários livros sobre novelas! Nestes 70 anos da televisão brasileira, deixamos aqui essa pequena homenagem aos pioneiros.
Contamos com suas sugestões para aumentarmos essa lista! E não perca o próximo capítulo…
Imagens: Memória/Acervo Globo, Museu da TV
Fontes: Memória/Acervo Globo, Teledramaturgia.com, Notícias da TV - UOL, Museu da TV
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